A importância de ser aberto: liderança cultural em fusões e aquisições

Um dos atributos mais importantes de uma liderança saudável é a abertura. Está ao lado da responsabilidade e de ser guiado por valores como uma das características que definem uma liderança cultural eficaz. No contexto de fusões e aquisições, a abertura assume uma importância crítica.

O que significa ser aberto?

Ser aberto significa ser receptivo a novas informações, ideias e experiências, ser genuinamente sensível às opiniões dos outros e do mundo ao nosso redor. Ser aberto é ser capaz de deixar de lado velhos hábitos e crenças, e ser capaz de aceitar que os novos, ou diferentes, são válidos. Trata-se de deixar nossas mentes disponíveis para o que é novo e fresco, desbloqueando os filtros do condicionamento passado. A abertura é baseada em uma série de crenças, como “não tenho todas as respostas” ou “posso aprender muito com os outros”.

Ter abertura nos relacionamentos cria inclusão e maior colaboração, e transforma potenciais conflitos em sinergias. Com a abertura, vem a verdadeira comunicação bidirecional e a falta de medo.

Certa vez, eu estava trabalhando com um líder que tinha sido muito bem-sucedido em sua organização, mas teve dificuldades quando sua empresa se fundiu com um concorrente menor. O processo criou medo nele - medo do fracasso, medo do mercado não apoiar a fusão e o preço das ações ser impactado, medo de seu pessoal não o apoiar, medo da rejeição do conselho. Ele reagiu a esses temores desligando todas as comunicações com as pessoas com as quais havia se aberto anteriormente e com a equipe da entidade resultante da fusão. Somente depois de perceber o que estava acontecendo e decidir conscientemente implementar um fluxo de comunicação visível e aberto, as coisas melhoraram.

Quanto mais abertos os líderes estiverem durante um processo de fusão, maior a probabilidade de o processo ser tranquilo. Na medida do permitido pelo ambiente regulatório, seja aberto sobre o que está acontecendo. Seja aberto sobre o que você tem em mente e - muito importante - seja congruente.

Seja aberto sobre como você se sente.

Muitos líderes entendem que compartilhar seus sentimentos é uma fraqueza e não algo que os aproximará de seu pessoal. Se você quiser que todos participem da jornada, é importante que eles saibam que você está no mesmo barco e está passando por um processo de mudança semelhante. Acho que muitos líderes gostam de se ver como abertos, mas às vezes descobrem durante o processo de coaching que não são tão abertos quanto imaginavam. Frequentemente, não é tanto a falta de abertura que é o problema para os líderes, mas o fato de eles não saberem se comunicar de uma maneira que abra a comunicação para os outros se envolverem. Todos sabemos que ser extremamente direto pode encerrar de vez as conversas, no lugar de criar um espaço para troca e aprendizado.

Dê feedback e peça feedback.

Você não está passando pela fusão sozinho e precisa de outras pessoas durante o processo. Pergunte como eles acham que você está indo e diga o que você precisa deles. Seja aberto sobre a outra organização e suas formas de pensar e fazer as coisas. Aprenda e veja o mundo com novos olhos. Afinal, se você está fundindo, é porque quer se beneficiar dos demais!

A abertura nos líderes é sobre eles valorizarem novas experiências e novos processos de pensamento. Líderes abertos são mais propensos a construir equipes diversificadas em vez de criar equipes exatamente iguais a eles. No contexto da fusão, é fundamental olhar para pontos de vista que divergem do "sempre fizemos assim". O acordo é o momento perfeito para aprender com os outros e melhorar o que sempre fizemos. A abertura também leva a um maior compartilhamento de informações, o que pode resultar em uma melhor tomada de decisão.

A abertura pode ser praticada.

A abertura começa comigo. Não espere que os outros sejam abertos se você não for e não servir de modelo. Quão aberto você está para seus medos, limitações e vulnerabilidades? Quão aberto você está para seus pensamentos e sentimentos?

A abertura não é algo com que nascemos necessariamente, embora quando você olha para os bebês, eles parecem estar literalmente vivendo isso. Com o tempo, a pressão, a família e a sociedade, às vezes fazem com que nos fechemos para ideias externas. Escondemos nossos sentimentos por medo de sermos magoados ou ridicularizados. Não precisa ser dessa maneira. Todos nós podemos praticar a abertura. É como um músculo que precisamos fortalecer a cada dia. Tornar-se mais aberto é um processo de transformação de dentro para fora. Se não permitirmos abertura em nossa liderança, isso nos levará para fora de nossa zona de conforto e pode ser difícil no início. Tornar-se mais aberto é ganhar força interior e confiança para assumir nossa vulnerabilidade como líder.

Abertura e transparência são duas coisas diferentes.

Muitos líderes confundem abertura e transparência e acreditam que ser aberto significa compartilhar tudo e colocar o negócio e o acordo em risco. Estar aberto é uma mentalidade que permite aprender e melhorar. Já ser transparente é um processo ou um comportamento relacionado à comunicação. Não é porque você está aberto que você vai liberar cada pedacinho de informação e contar tudo a todos. Isso obviamente seria um risco e um movimento errado em muitos casos. Na maioria das fusões, muitas informações não podem ser compartilhadas, nem em todas as etapas do processo. Líderes abertos durante um processo de fusão podem compartilhar o que podem compartilhar, incluindo seus próprios sentimentos, sem colocar o negócio em risco. Sua abertura criará o solo necessário para o sucesso.

Por que não escolher estar aberto e ver o que acontece?

Para entender porquê a cultura precisa estar na agenda das fusões e aquisições desde o início, baixe nosso eBook O Livro das Fusões e Aquisições e veja conselhos práticos para gerir a cultura em empresas em processo de fusão.