Mudança de cultura: a importância de ter esperança

O ano novo não foi tão fresco e revigorante como costuma ser. Observar o que está acontecendo na política global me deu uma sensação de incerteza.

O ano novo tende a trazer uma maravilhosa sensação de possibilidade, com o ano anterior ficando para trás e sentimentos de empolgação, positividade e otimismo tomando o seu lugar. No entanto, essa passagem de ano foi um pouco diferente. Como uma pessoa que se orgulha de ser positiva, esse sentimento não me cai muito bem. Mas, em vez de me concentrar nisso, a melhor opção é considerar de onde vem essa sensação e como alterá-la. As boas notícias? Esses sentimentos podem ser mudados.

O impacto da incerteza

Uma das características da mudança que sempre considerei fascinante ao longo dos anos é o impacto da incerteza em nossa psicologia. A incerteza durante a mudança é perturbadora, afeta desde até que ponto as pessoas conseguem se concentrar, aumenta a vulnerabilidade emocional e pode minar nosso senso de controle sobre nosso destino. Quando a mudança organizacional está ocorrendo, é comum que as pessoas sintam que não têm recursos para lidar com a situação à frente e comecem a imaginar que vão perder algo. Como resultado, eles se sentem pessoalmente em risco.

Esses sentimentos não são surpreendentes, dada a nossa fisiologia. A parte do cérebro que é acionada durante a incerteza e a mudança fica próxima à amígdala. Para aqueles que não estão familiarizados com a estrutura do cérebro e como ele funciona, a amígdala é a parte mais antiga do nosso cérebro e controla nossas respostas ao medo – é o ponto que nos coloca em alerta e nos salvava quando avistávamos um tigre de dente de sabre.

Todos nós sentimos que grandes mudanças estão reservadas para nós em 2023, globalmente e localmente, e é provável que nossa amígdala esteja disparando como louca agora - tenho certeza que muitos estão sentindo que há um grande tigre de dente de sabre vindo em nossa direção!

A esperança importa?

Quando a incerteza é alta e nosso sentimento de controle pessoal é baixo, nosso senso de esperança pode diminuir e podemos começar a nos sentir impotentes. A esperança está ligada a 2 elementos-chave:

1) até que ponto temos objetivos valiosos e

2) até que ponto podemos imaginar maneiras de alcançá-los.

A esperança está correlacionada com níveis reduzidos de depressão, engajamento em organizações e melhoria do bem-estar. O seu oposto, a desesperança, está associada ao stress, à ansiedade, à depressão e à perda da autoestima – o que não deve ser encarado de forma leviana.

Quando treino líderes e vejo altos níveis de dependência e desesperança em seu perfil, sempre pergunto três coisas:

Você mudou recentemente de função? A mudança e a incerteza são frequentemente correlacionadas com esses tipos de resultados.
Há quanto tempo você se sente assim? Se for um período curto, geralmente não é problemático, mas a dependência de longo prazo e a desesperança têm os efeitos psicológicos e fisiológicos descritos acima.
Que impacto isso está tendo em você? Inevitavelmente, mesmo após uma curta experiência de dependência e desesperança, os líderes começam a se sentir presos, como se não conseguissem imaginar uma saída – os efeitos psicológicos negativos se manifestam rapidamente.

Aumentando a Esperança

Dada a incerteza que muitos de nós sentimos no momento, aumentar nossos níveis de esperança parece uma boa medida a tomar. Aqui estão 3 coisas práticas que você pode fazer e nas quais estou trabalhando pessoalmente:

Objetivos emocionantes. Falamos muito nas organizações sobre metas mensuráveis e metas alcançáveis, mas a esperança exige um pouco mais. Nossa imaginação precisa ser ativada e nossos cérebros engajados em um senso de possibilidade. Crie metas empolgantes e envolventes - mesmo as pequenas podem aumentar nossos níveis de serotonina e criar energia positiva.

Mantenha as possibilidades das pessoas. Uma das razões pelas quais perdemos a esperança é quando sentimos que não temos escolha. Que nossas opções foram tiradas de nós. Se enquadrarmos cada situação como um 'problema', é assim que as pessoas as perceberão. No entanto, ao usar uma linguagem mais esperançosa, como 'oportunidade' e 'possibilidade', você manterá as pessoas orientadas para o positivo. 'O que é bom?' e 'O que está funcionando?' são boas perguntas para focar.

Manter as ideias fluindo, pedindo às pessoas que pensem em opções, mantém o pensamento ágil. Algumas boas perguntas a serem feitas incluem: 'Existe outra maneira de fazer isso?', 'Você já viu isso ser feito de maneira diferente?', 'Com quem mais poderíamos falar?', 'Quem poderia nos ajudar?'.

Passe tempo com “pessoas esperançosas”. A realidade é que alguns de nós são mais dispostos a ter esperança do que outros – alguns veem as barreiras como desafios a serem superados enquanto outros as veem como bloqueios. Encontre essas pessoas esperançosas e passe um tempo com elas – pode ser uma experiência energizante.

Aplicação para as organizações

Sejamos realistas, a mudança é uma marca constante da vida de qualquer organização, portanto a incerteza não é algo novo para nenhum de nós. No entanto, é importante estar consciente de seu impacto. Muitas mudanças - incluindo a mudança de cultura - têm como objetivo tornar a organização um lugar melhor, de forma proativa e decisiva. Mover-se pela incerteza com compaixão ao seu efeito nas pessoas pode criar experiências de mudança mais positivas.

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